terça-feira, 7 de outubro de 2014

Licença para uma família missioneira

Em 1970, Pedro Ortaça pedia na canção Licença para um Missioneiro abrir passagem para a música da fronteira. Mais de 40 anos depois, os versos poderiam descrever uma família inteira: “Quem nasceu como eu nasci, no berço da tradição, defende a poesia xucra com alma e com devoção”. E foi assim que, em 2014, Pedro reúne pela primeira vez os três filhos juntos no estúdio para a gravação de um CD. Para Gabriel, 30 anos, e Alberto, 32, o estúdio não é novidade. Os dois já têm três discos gravados juntos. Somando todos os trabalhos, este é o nono de Gabriel. A estreia aqui é de Marianita. Se o público já conhecia as mãos delicadas que fazem soar a gaita botoneira, agora verá uma faceta da moça que ela expõe pela primeira vez: a guria canta cinco das 16 músicas do novo trabalho, como Gaúcha, minha estampa. – A música sempre fez parte das nossas vidas. Eu comecei a tocar com oito anos. O Gabriel com sete. Agora tenho mais tempo para me dedicar a ela. Antes eu estava envolvida com a faculdade – diz ela. Formada em Psicologia pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, o trabalho, aliás, foi parte desse processo. Durante palestras motivacionais realizadas pelo Estado, Marianita sempre era convidada a tocar e cantar. Orgulhoso dos filhos, Pedro chega aos 72 anos colecionando reconhecimentos, como o título de Mestre das Culturas Populares – Prêmio Humberto Maracanã, do Ministério da Cultura. Diz ter apenas um sonho: – Que a música missioneira seja uma inspiração para as próximas gerações. Gabriel, Marianita e Alberto sabem que são importantes para a concretização desse sonho. – O público jovem se identifica com a gente. Eles se aproximam da música missioneira - acredita Gabriel. No estúdio, as vozes de Pedro e dos filhos se misturam e revelam a intimidade também fora dos palcos. – O CD vai se chamar De Pai para Filho – diz Marianita, com a concordância de Gabriel. – Não é certo este nome ainda – diz Rose Ortaça, que acumula os títulos de esposa de Pedro, mãe, administradora e conselheira. – Faz assim: diz que provavelmente vai ser De Pai para Filho, mas deixa em aberto – decide Gabriel, encerrando o debate entre mãe e filha. No fim, é Rose quem resume. – Essa é uma família como qualquer outra, com suas discussões, divergências, mas todos se amam. Só que essa canta.

Publica em: https://www.facebook.com/marianita.ortaca?fref=nf

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