Márcio Cavalli
Jornalista e professor
CTG Querência - 27ª RT
Canela/RS
Ora, se a execução de uma rancheira me permite até sambar (se fosse o caso), então o que me impede? É o respeito à inclusão do elemento regionalista, que tornou cada ritmo próprio do gaúcho! Próprio sim, pois o xote (com x como gostam de grafar do centro do país para cima) possui no Nordeste particularidades locais diferentes das sulinas. Por isso, dançar conforme reza a tradição significa manter a ética na dança - a postura de movimentos corretos, conforme aprendemos.
Certo é que a influência do elemento regionalista ocorreu com os demais ritmos de fandango, com exceção do bugio, originário da nossa gente campesina. Nele é comum também, na execução dos passos com o "pulinho" do macaco, "estudiosos" dizerem "que não é assim", como se fossem pesquisadores de última hora para embasar o seu "achismo". Não leram sequer um único manual de danças, quanto mais os escritos de verdadeiros pesquisadores!
Nos enfeites das danças, a milonga ganhou uma "caidinha" porque fica "bonito". Pior é o chamamé, que tem coreografia de chote figurado e giros alucinantes ao encontro da exagerada velocidade da música. Pior é o barato em eventos superlotados haver a maior exibição possível, nem que para isso se bata em vários casais, numa chuva de cotoveladas e pisões.
Executar o chamamé de modo a promover o desenlace entre os dançarinos significa não seguir a tradição, transformando-o num ritmo inalterado por herança. Aliás, não há qualquer referência histórica para testificar a inclusão de figuras nele.
Esse ritmo correntino, herdado da Argentina e outrora bailado sob as ramadas, teve seus passos conduzidos pelo ponteado das cordas bem antes da gaita e marcados pela suavidade e pelo frente a frente contínuo dos pares. A única dança gaúcha de salão a admitir coreografias de separação de peão e prenda é o chote, com seus movimentos fortes e vibrantes - por isso, também executado figurado.
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