A tradição gaúcha ultrapassou os
séculos e está, cada vez mais, fazendo parte do dia a dia de tradicionalistas
autênticos que se identificam com a cultura e o modo de vida do gaúcho,
independente ou não de fazer parte de entidades tradicionalistas ou piquetes de
laçadores. Para entender como vivem esses gaúchos precisamos primeiro entender
o que é tradição, tradicionalismo e nativismo.
Tradição
quer dizer o culto dos valores que os antepassados nos legaram, nos entregaram
e que nos levam a exprimir recordações, memórias e sentimentos. Tradicionalismo
é viver a tradição, resgatando valores que são válidos não por serem antigos,
mas por serem eternos, exatamente os valores que trouxeram o Rio Grande e o
gaúcho do passado para o presente. O tradicionalismo não é voltar à semelhança
dos tempos idos, e sim, usar a herança recebida. Nativismo é o amor que a pessoa
tem pelo chão onde nasceu, os gaúchos tem em seu vocabulário duas palavras
muito bonitas ligadas ao Nativismo: pago e querência. Pago é onde se nasceu.
Querência é onde se vive.
As
vésperas dos principais meses que evidenciam o tradicionalista em nossa região,
agosto pelo mês da Mateada e setembro pela Semana Farroupilha, fomos conhecer
um pouco da vida de Marcos da Silva Fontoura, o "Marco Loco", ou
apenas "Loco", tradicionalista que trás de berço o gosto pelas
tradições. Na quarta, dia 23, "batendo água", a conversa se
desenrolou, autêntica, ao pé do fogo. Dos pagos de Seberi, Marcos está
aquerenciado em Erval Seco e mantém um galpão com diversos artefatos
gauchescos: lampiões, cambonas, panelas e chaleiras de ferro, aperos e uma
infinidade de outros artigos.
Marcos
trabalha na Labema de Seberi, mas não fica dois dias sem ir ao galpão, fazer um
fogo de chão, aquecer uma água de vertente, cevar uma mate bem topetudo, lidar
com pequenos reparos em couro e cuidar de seus cavalos, que atualmente são
cinco, mas já foram 18. Casado com Marli Becker, Marcos veio a Erval Seco após
a família repartir a herança após o falecimento do sogro, Wendolino Becker. Ao
se deparar com o terreno destinado a ele e a sua esposa, não teve dúvidas em
construir um galpão e fazer dele um lugar de descanso, de lida e de receber os
amigos.
Recentemente
o "Marco Loco" recebeu em seu galpão o renomado cantor Dionisio
Costa, que esteve na região no fandango de lançamento do Cd do Grupo Estampa
Campeira de Jarbas Moraes. "Gaita, violão, trova e o Dionisio fez uma
música aqui durante o churrasco", disse Marcos com a simplicidade que é
sua característica.
"Gosto de ser como sou, já fiz parte de
quadros de laçadores, já ajudei em CTG, mas prefiro cultuar a tradição como
aprendi, fiz do que gosto e do que eu sei das tradições a minha vida, sou
simples, mas sou do jeito que sou, quem me conhece sabe", resumiu Marcos
da Silva Fontoura, um tradicionalista do século XXI.
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